Os produtores do café em Santo Antão querem iniciar, ainda este ano, o processamento e certificação do produto, com vista à sua exportação para os mercados nacional e internacional.
Os produtores acreditam que 2017 pode ser o ano relançamento do café de Santo Antão, graças a um projecto que está a ser implementado, visando alavancar este sector de enorme potencial nesta ilha.
O projecto, a cargo da Agência para o Desenvolvimento Empresarial e Inovação (ADEI), além da recuperação das 60 explorações do café existentes em Santo Antão, prevê a instalação de uma unidade de recepção, debulha, ensacamento e comercialização do produto.
Francisco Chantre é um dos produtores do café, que acredita que, depois de “um forte declínio nos últimos anos, a marcar a cultura do café em Santo Antão, este produto pode entrar, já partir deste ano, numa nova era com a instalação dessa unidade.
Defende, ainda, a união dos produtores para se alavancar o sector cafeeiro em Santo Antão, de grande potencial para esta ilha, mas que tem sido desaproveitado nos últimos anos.
A ADEI, em parceria com o Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA), a Câmara de Comércio do Norte de Cabo Verde e o Conselho Regional de Parceiros (CRP) de Santo Antão, tem estado a promover, no âmbito desse projecto, uma série de acções visando, até agora, a recuperação e valorização do café de Santo Antão.
O Governo, através da ADEI e do MAA, espera, num futuro próximo, valorizar e transformar o café de Santo Antão num produto de marca da ilha, visando a sua exportação.
Para isso, além de aposta na criação de infra-estruturas de processamento e certificação do café, há um outro grande desafio que prende-se com a organização e formação dos produtores para uma gestão sustentável dos cafezais, segundo o representante da ADEI em Santo Antão, Juari Nobre.
Santo Antão possui 63 explorações do café nos concelhos da Ribeira Grande e Paul, segundo um censo realizado no quadro do projecto sobre a valorização do café de Santo Antão, iniciado em 2013, com o financiamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), através do programa “TCP Facility”.
O café de Santo Antão é já comercializado no mercado nacional através da cooperativa PARES (Produtores Associados em Rede de Economia Solidária), sediada no Porto Novo, mas os produtores querem levar o produto além fronteira, sobretudo à diáspora cabo-verdiana.
A cooperativa PARES, criada em 2009, comercializa, actualmente, vários produtos genuínos de Santo Antão, entre os quais o queijo, o grogue e o café.
No caso do café, a aposta tem sido, até agora, no café do Paul, produzido de forma tradicional (torrado e moído em pilão).
A valoração dos cafezais de Santo Antão enquadra-se num projecto maior de reabilitação e valorização da fileira do café de Cabo Verde, que abarca ainda as ilhas de Santiago, Fogo, São Nicolau e Brava.
Crédito: Inforpress