O Sr. Nosso Primeiro-ministro Caboverdiano, Sua Excelência Dr. José Ulisses Correia e Silva, chegou à ilha e viu as suas gentes, disse coisas e inaugurou obras, constatou dificuldades e projectou desenvolvimento e partiu embora, num check-in promulgado a 22 e check-out vetado a 28 deste Junho das festas populares por todo um Santo Antão que, durante uma semana foi ministrado inteiramente pelo chefe máximo do Executivo Nosso Governo na linha da frente.
Então, meus caros Srs. Concidadãos, Vossas Excelências anotaram em Diário da vossa República Local os actos desta peça una-semanal??? Eu, do que pude anotar, constatam-se:
i) O anúncio de que 2020 será o ano para o arranque da construção do aeroporto de Santo Antão, a situar-se no concelho Portonovense. Deve custar entre mil novecentos e oitenta e cinco e os dois mil duzentos e cinco milhões de contos...
ii) A constatação de que a implementação de provas de atletismo em circuitos de montanha poderá ser uma alternativa para dinamizar as zonas altas da ilha de Santo Antão. Diz-se que tem muito potencial, o custo vem depois...
iii) A solução vinculada para os graves problemas da gestão do lixo passa pela construção do Aterro Sanitário, a situar-se entre Porto Novo e Janela. Deve custar cerca de trinta mil contos...
iv) As localidades do Tarrafal de Monte Trigo, de Chã de Norte e de Martiene vão ser contempladas com estradas para melhorar as suas acessibilidades. Trata-se de um projecto estimado em duzentos e dez mil contos...
v) Sobre a produção do grogue, desfasada na sua qualidade, rematou o primeiro-ministro que a lei é para se fazer cumprir e que a legislação é para se aplicar na ilha, para que se possa salvaguardar a sua referência. Quanto custa aplicar e fazer-se cumprir a legislação (?), ficamos sempre por saber...
vi) A projecção de que o desencravamento das localidades com potencial agrícola, pesqueiro e turístico da ilha exige um investimento na ordem dos dois milhões de contos, montante financeiro esse que admitiu-se, o Governo não dispõe. Sim, uns meros dois milhões de contos... Por acaso já reparam que, desencravar a ilha (que quer dizer desenvolver um bocadinho mais) só custa 10% do valor estimado para a construção do aeroporto? Nem sei como logicar mais pah!!!
vii) Afirmou-se que a requalificação da baía de Tarrafal de Monte Trigo está no centro das prioridades do governo. Deverá mobilizar financiamentos na ordem dos vinte e nove mil contos...
viii) No Paul e na ânsia da sua população, a Câmara Municipal indexou sobre a seguinte lista de investimentos aguardados: a) estrada de penetração de Figueiral; b) arrastadouro de Penedo; c) segunda fase da estrada Chã Manuel Santos - Igrijinha; d) Campo de Futebol e e) orla marítima da Cidade das Pombas. Fora as tantas obras em curso visitadas. Vou só fazer aqui uns cálculos aproximados e já vos digo quanto custa esta lista irrisória...
ix) A inauguração da estrada de penetração de Chã de Pedras aconteceu finalmente depois de muita polémica envolta à sua construção. Custou cerca de duzentos e vinte e dois mil contos...
x) A inauguração da primeira unidade de transformação de plástico em azulejos no concelho Paulense (e em Cabo Verde). Um investimento que rondou os quatro mil contos...
xi) Enfim, entre outros etecetras reticentes ditos não registados que não vi mas que vós ireis anotar por mim. Certamente não deverão custar mais do que os 129% da dívida do PIB Caboverdiano...
Se me estão de acordo no que ao título diz respeito - Primeiro-ministro de Santo Antão por uma semana - com esta panóplia de coisas que aconteceram duma quinta para uma quarta-feira, fazendo por vir a acontecer mais e possivelmente futuramente com frutos a colher pela ilha dentro, dou por mim numa enigmática imaginação imaginando se o Sr. Nosso Primeiro-ministro Caboverdiano, Sua Excelência Dr. José Ulisses Correia e Silva, não quereria ser Primeiro-ministro de Santo Antão por mais um mês inteiro, se se continuar tal registo avassalador de coisas a acontecer, poderia sê-lo mais por um ano inteiro e quiçá terminar o presente mandato nesta ilha Santantonense que poderia vir a bater todos os recordes de coisas a acontecer. É certo que a ilha não tem povo que chegue, mas com tais e tantas obras mais do que acontecidas, com certeza que a sua reeleição para o mandato seguinte dar-se-ia por confirmada na ilha capital, mais que confinada na cidade principal e puramente regozijada nos restantes pólos do nosso querido arquipélago. Vamos a votos???