Mais de um terço dos imigrantes sente-se discriminado em Cabo Verde, onde a população estrangeira mais do que triplicou numa década.
Os dados, apresentados pela diretora-geral da Imigração, Carmen Furtado, remontam a um estudo de 2014, sendo os mais recentes disponíveis em Cabo Verde, onde, segundo o censo de 2010, residiam 14.373 estrangeiros comparativamente com os 4.661 que viviam no país dez anos antes.
De onde são originários?
Destes, 71% são oriundos da África (principalmente Guiné-Bissau, Senegal e Nigéria), 17% da Europa (Portugal e Itália), 8% da América (brasileiros e cubanos) e 3% da Ásia (chineses).
As estatísticas oficiais distinguem cidadãos estrangeiros de imigrantes, sendo que entre os imigrantes se contam também os descendentes de cabo-verdianos nascidos no estrangeiro, com nacionalidade ou não, e residentes há mais de seis meses em Cabo Verde, o que eleva o número para cerca de 18 mil, segundo dados de 2013.
35% dos imigrantes sentem-se discriminados
Sendo que este sentimento é mais comum entre os provenientes da África Ocidental, por causa da compleição física, e entre os asiáticos, relacionado com a questão da língua.
Os europeus mais bem integrados
O estudo aponta ainda que 67% dos cidadãos da União Europeia se consideram bem integrados, comparado com 48% dos chineses e 47% dos africanos.
Africanos e chineses revelaram também percentagens significativas de pessoas que se consideram mal integradas, respetivamente 13% e 9%.
A maioria dos imigrantes residem maioritariamente na cidade da Praia (41%) e nas ilhas de São Vicente, Sal e Boavista.
O nível de empregabilidade entre os estrangeiros atinge 88%, sendo a grande preocupação com a qualidade do trabalho exercido.
Segundo Carmen Furtado, "Os imigrantes da Comunidade Económica de Países da África Ocidental [CEDEAO] vêm num contexto muito específico facilitado pelo protocolo de mobilidade e colocam a questão do acesso à regularização e documentação. Outras comunidades colocam a questão da língua, do acesso aos serviços, à atividade económica e da resposta das instituições", adiantou Carmen Furtado, sublinhando as principais preocupações dos imigrantes.
Créditos: Lusa