As candidatas ao Miss Mundo já não têm de desfilar em biquíni para que as suas belezas sejam avaliadas. É uma vitória saudada por vários movimentos sociais, entre eles as feministas, que durante longos e muitos anos combateram essa prática. Em nome da libertação das mulheres, da dignidade humana e de outras bandeiras da igualdade de género, este foi um combate que teve aderentes e detractores.
Os concursos de beleza existem desde tempos imemoriais e a lenda conta de três concorrentes, todas belas: Vénus, Juno e Atena/Minerva - a beleza, a compaixão e a inteligência/técnica. A versão moderna nasceu em 1951 através do Miss Mundo, concurso idealizado por um inglês. Ao longo destes 66 anos, muita tinta correu.
Em Novembro próximo o mundo estará de olhos postos em Shenzen, China, onde as representantes de centena e meia de países vão desfilar, mas sobretudo, vão mostrar que são, além de belas, inteligentes e solidárias. Então, reunidos todos esses atributos, o júri decidirá quem é a mais bela do mundo. Por ocasião da 67ª edição, lembremos que movimentos não só feministas, mas também de direitos humanos e da criança, têm vindo a apontar os malefícios dos concursos em que a beleza feminina é medida segundo padrões que conduzem à objectualização da mulher.
O surgimento dos concursos destinados à infância, os mini-miss, mais que acendeu o debate. Muitos apontaram a crescente sexualização das crianças do sexo feminino que tais concursos estariam a fomentar, com consequências desastrosas. Não só no desenvolvimento e bem-estar psíquico e moral da criança, mas também pelas incidências relacionadas com a pedofilia que muitos têm vindo a apontar.
A presidente do Miss Mundo - concurso que teve a sua primeira edição em 1951 - disse a uma revista feminina que "ver mulheres a desfilar em biquínis não contribui em nada para os jurados (decidirem), também não contribui em nada para o avanço da mulher e não contribui em nada para (o avanço de) ninguém". Questiona a mesma: "de que lhe serve saber se uma tem mais dois dedos de bumbum que outra?", refutando que "isso tem de deixar de ser importante". "O que tem de passar a ser importante é o que ela tem para nos dizer", acrescentou a organizadora, Julia Morley, de 74 anos, a viúva de Eric Morley, criador do concurso que já contemplou-nos com 66 edições.
Recordamos que a representante de Cabo Verde para a 67ª edição do Miss Mundo será a Cristilene Pimenta.
Créditos: ASemana