Eu não sei se se lembram ou não de uma história, que é relativamente recente, acerca de um Banco que foi criado a pensar nos menos possidentes de meios financeiros que lhes serviria para acederem ao crédito para as respectivas aquisições das suas habitações em condições de juro e empréstimo tecnicamente bonificadas. Foi a história do Novo Banco que faliu corridos 6 anos, 5 meses e 13 dias após a sua criação, isto é, que entrou em processo de resolução quando se deu conta de que os 850.000 contos lá postos já se tinham esfumados não sabemos bem para onde. Relatei isso no Pobre Banco dum Povo Rico de 24 de Março de 2017.
Pois bem, o mais recente projecto do governo Caboverdiano é o Start-up Jovem que, em protocolo com quatro instituições bancárias, disponibilizarão 575.000 contos à malta dos 18 aos 35 anos que dispõem de diplomas profissional ou licenciado e que terão e/ou poderão ter apoios técnicos na execução dos seus projectos empresariais da Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde (AJEC), da Associação de Mulheres Empresárias (AMES), de algumas Incubadoras e dos respectivos municípios. A fórmula destes empréstimos bonificados é a seguinte: 1) os jovens traçam os seus projectos empreendedores; 2) o investimento deve compreender entre os 500 e os 5.000 contos; 3) os Bancos + Estado cedem cada um 50% do investimento; 4) os jovens pagam em juros parciais (50%) e o Estado assume os outros 50% dos juros estipulados; 5) uma empresa chamada de Pro-empresa é que vai gerir isso tudo. Relembrar que os objectivos da criação do Novo Banco eram estimular o acesso ao microcrédito aos menos possidentes e combater a pobreza generalizada dos Caboverdianos, certo! Lembrar que o Start-up Jovem visa promover o empreendedorismo na produção de bens e serviços, geração de empregos e rendimentos sustentáveis. Tudo diferente e nada igual na génese objectiva de um e outro.
Trata-se, constato eu, de uma mera comparação de projectos políticos com âmbitos muito claros que são o melhoramento das condições de acessibilidade ao crédito e de desenvolvimento em prole da comunidade, desta vez, da vertente jovem em particular. Não se criou nenhum Banco em particular, assinou-se protocolos com os já existentes. Não sei se o Estado vai disponibilizar 50% desses 575.000 contos ou se vai disponibilizar mais 575.000 contos como 50%, uma vez que, na rubrica diz-se montante apenas. Como é óbvio, a Banca não quer cá riscos nenhuns, cai todo para o lado do Estado, por isso, creio não serem créditos bancários mas sim abonos estatais. Diz-se que não são créditos apenas para os centros urbanos (compreende-se Praia e Mindelo) mas sim para a generalidade das ilhas e interior (compreende-se mundo rural) - pelo menos reconhecem-se e confirmam-se disparidades: Praia-capital-Mindelo-principal.
Eu estarei cá para reconhecer que nada disto se repetiu, que isto do Start-up Jovem foi coisa frutífera e que de história, só mesmo na minha cabeça. Não sendo um deles, apelo aos que são e querem ser empreendedores que ponham mãos à obra e desenvolvam e criem e mostrem-se e candidatem-se e apostem e que tenham sucessos nos vossos projectos empresariais empreendedores sustentáveis. De acordo com o crédito máximo estipulado, serão 115 os empreendedores beneficiários. Se pensarmos que a partir daqui, tudo se multiplica, então multipliquem-se... Esperemos que o Start-up Jovem não seja, nesta nova versão, uma história repetida...