O descaso mais recente da telebola sobre quem melhor chuta-bola em Cabo Verde é-nos preenchido pelo Ultamarina x Mindelense numa disputa sem bola que decorre de processos no Concelho de Disciplina, na Federação e noutras Instâncias relativos às duas meias-disputas entre as duas ditas equipas para se decidir quem será a segunda finalista e consequente adversária do Sporting Clube de Portugal da Praia de Santiago de Cabo Verde no que serão as disputas-decisivas-finais para se conhecer o campeão nacional dos campeões das ilhas que venceram os mini-campeonatos regionais norte e sul, etc. etc..
Eu não tenho cartas para pronunciar-me sobre o lado da razão no que toca à justiça ou injustiça sobre este ou aquele acto que impediram esta ou aquela disputa em dia e hora previamente marcados mas que acabaram misteriosamente por não acontecer por uma culpa que certamente solteira morrerá e, por isso, não tenho nome mais para isto chamar senão uma pouca-vergonha, um lamento-desbarato, uma triste-cena, uma porcaria-mal-cheirosa, um descalabro-institucional, uma roubalheira-às-claras, enfim, sem palavras para descrever tamanha merda que faz disto mais um feder-à-cão do que propriamente uma feder-acção, para não dizer que aquele prometido peido do Salvador Sobral naquela inesquecível actuação no Meo Arena deve ter embarcado num dos terminais voos dos TACV Airlines e despeitado numa das nossas pistas donde se despistam disputas de bolas moles e processos à cadeado.
Esta feder-à-cão é a mesma que matou a esperança do Caboverdiano em participar pela primeira vez no World Championship 2014 com aquela cena icónica que espero ficar gravado na memória de cada um de nós, mais ou menos efusivos, que da bola rolam alguma afectação. Aquela presença seria muito mais que um correr entre quatro linhas dos nossos tubarões azuis. Ali, no Brasil (alguém duvida que o play-off de acesso estava no papo?), estaria um bocadinho de cada Caboverdiano na terra ou na diáspora e não só seríamos vistos como nos mostraríamos, que somos, também um povo. Mas não, a ganhar por dois a zero a Tunísia, acontece aquela bizarricicidade perpetrada na disputa: bom, para não me vender em insinuações, vou dizer que aquilo foi incompetência pura e como está hoje o descaso da nossa feder-à-cão, sem eira nem beira, diria que a situação é dali derivada.
Se nos guiarmos pelo ranking de CV na FIFA e se virmos que já estivemos na posição 177, talvez a posição actual - 115ª - nem nos diga nada, mas se pensarmos que por altura do Mundial 2014 estávamos no best40 (e se não fosse o tal castigo, CV subiria para a 31ª posição do ranking, a melhor de sempre), então aí já começamos a perceber o descalabro que tem sido a nossa prestação e esta cinge-se à nossa qualificação para alguma coisa, pois, de resto e só, não passámos disso. Eu não sou um fã assíduo deste chamado desporto-rei, muito menos o sou quanto a sua disputa nas ilhas, mas como este chutbola já pouco rola e muito se discute, creio eu que qualquer um vê que isto não caminha para bons dias e muito menos para melhores posições. Enquanto a nossa liga nacional for entre chaves e cadeados, a nossa liga dos campeões for entre processos e recursos, a nossa liga africana for entre voos lotados e companhias falidas, a nossa qualificação mundial for entre incompetências e substituições irregulares, enquanto os jogadores não forem equipas e estas não jogarem as chaves no mar e enquanto o povo não perceber que a coisa do chutbola está a feder à cão e a morrer na acção, o dito 4-4-2, 4-3-3 ou outro esquema qualquer do futebol nas ilhas Caboverdianas nunca será verdadeiramente jogado entre as quatro linhas e repercutindo-se, consequentemente, na melhoria da nossa imagem lá fora. Pior que "uma rápida ascensão e uma espectacular queda" só mesmo uma boa re-ascensão e uma tranquila manutenção... Até lá vamos sendo os campeões do nada...