O PAUL EM FOCO é o mais recente programa quinzenal da RCM (também disponível no meupaul.com) que propõe para debate o desenvolvimento (ou a falta dele) e o quotidiano do município Paulense e que nesta sua primeira sessão (Maio-31) teve como intervenientes o presidente da Câmara Municipal do Paul - António Aleixo, o líder da bancada do PAICV na Assembleia Municipal - Saturnino Baptista e como voz activa da sociedade em geral - Anísio Oliveira.

Um outro interveniente, o líder da bancada do MPD - Bartolomeu Cruz, não compareceu. Como é do conhecimento geral, eu não me presento em terra natal, mas graças a estas iniciativas da rádio local em particular e de outros meios em geral, vou-me debruçando sobre os acontecimentos em corrente. Ora, o que o PAUL EM FOCO fez trespassar para público nessa sua primeira sessão e do factor surpresa que transpareceu nas declarações dos seus intervenientes fez-me a mim concluir que institucionalmente o concelho está sem representação efectiva a largos anos, coisa que é deveras preocupante. Estando fora, percebo que mais preocupante ainda deve ser para quem vive de dentro, isto tendo em conta o que foi dito, principalmente pelo interveniente máximo da instituição camarária. Estiveram em análise três temas que têm preenchido o decorrente quotidiano paulense: a possível destituição do município, os impostos e as comemorações festivas do Santo António.

Sobre a DESTITUIÇÃO DO MUNICÍPIO, diz o Anísio que "deste 75 que Paul tem-se perdido no seu caminho de desenvolvimento, que está para perder o seu estatuto de concelho que, com 150 anos, ainda não consegue andar com as próprias pernas e que é preciso juntar-mo-nos para refazer o Paul". Saturnino refuta dizendo que "isso era uma vez, que agora a extinção não é mais possível". Na lógica do presidente Aleixo "é o povo quem decide ou não se Paul é ou não extinto, que o governo não faria isso porque seria uma falta de respeito". Segundo AO, "quem apresentou a ideia sobre a extinção do concelho, pode sempre vir com ela à tona outra vez, crendo que Paul não tem os precisos meios para continuar nesta linha" demonstrando os casos "da ascensão do Porto Novo e da paragem no tempo do Paul". Não acreditando na extinção, Saturnino acredita que "com o Plano Estratégico horizonte 2030 e com a participação de todos" não há nada com que temer de futuro. E o presidente reafirma "que o estado não decide nada que é o povo quem sabe o que quer".

E eu: what-a-f? Mas o que é isto minha gente? Devem estar malucos ou sou eu que estou: da hipótese de extinção para sonho de ser cidade, tal como PN? Claro, como o povo é quem manda, vê-se que está para dias a Cidade do Paul! E o que é isso da Delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente sem agenda agrícola? E eu a pensar que era a produzir que dava, mas parece que basta uma agenda que a delegação lá nasce! Olhem uma conclusão sensata: ao deslocarem a estrada (a antiga) para a zona litoral (a nova), nada se desenvolveu nesse litoral e muito se perdeu à norte e mais isoladas e desnorteadas ficaram as zonas altas. Desconfio que apenas rasgaram caminho e betonaram o asfalto e que de planos estratégicos, que prevêem coisas, nem sinal! E dizem agora, até 2030, que são mais ou menos 12 anos, vamos planear tudo que tudo se resolve. Bem, são já quase esses mesmos anos fora das minhas fronteiras e parece que eu e mais outros da altura trouxemos o Plano da época nas nossas bagagens e deixámos Paul à mercê das más ondas. As nossas desculpas por isso, camaradas.

Sobre a COBRANÇA DE IMPOSTOS, pergunta Anísio "se não há produção  como arrecadar impostos? se não há meios técnicos como cobrar do pouco que há? há relação entre o grosso arrecadado e o grosso das despesas da CMP? como existir uma câmara com tanta gente sem lá existir uma estrutura organizativa compacta?", Saturnino acrescenta que "não há empresas, nem investimento público e muito menos dinamismo empreendedor". Nisto fiquei a saber que o desenvolvimento baseia-se num estar a espera de projectos de coisas novas (o caso do projecto de actualização do cadastro das propriedades urbanas), que de momento andam-se pelo Sal, Boavista ou São Vicente e que estão em perspectivas para Santo Antão e quiçá Paul. E eu: what-a-f? E o ponto alto para mim foi quando o presidente desbaratou os seguintes factos sobre a cobrança de Impostos por parte da CMP: que as pessoas vão pagando assim-assim, uns com uns dias e outros com anos de atraso; que os técnicos da CMP ficam na CMP à espera que apareça este ou aquele devedor, por necessidade de uma ou outra documentação que só lhes são fornecidos se os mesmos "pagarem antes o que devem à CMP"; que não há formação para o agilizar as coisas  porque há um excedente de pessoal  técnico na CMP; que não há interesse do pessoal em adquirir mais formação para melhor executarem as suas tarefas e; que a culpa da não ou fraca facturação da CMP é culpa da não existência de um bom ambiente de negócios. E eu: what-a-f? Mas o que é isto minha gente?

E o telefone toca: Então há uns dois meses que lançaram a primeira-pedra para a construção da Placa Desportiva de Passagem e agora é que estão a negociar alterações do projecto? O Anísio diz que "fica perplexo com certas situações" e pergunta "como é possível a esta altura...". Meu caro, tanto é possível que, atire a primeira-pedra quem, à data, prove o contrário. Tudo o que mais houve de explicações (17 mil contos + custos adicionais? what-a-f?), é areia para os olhos. Perplexo fiquei também quando o presidente "achou o discurso do Anísio muito agressivo (ele que diz falar "com o sentimento de um cidadão comum e que não está a fazer política, que é caso de quem teme que alguma coisa não se torne pública") e que "se o levasse lá para fora que não sabia como as pessoas iriam reagir?" e eu: what-a-f? mas o que isto? e a democracia, é para deitar no lixo? mas já chegamos a isto? e isto é what-a-f? outra e outras vezes!!!

Sobre as FESTAS DO MUNICÍPIO, o presidente diz que "o objectivo é agradar o maior número de pessoas, uns com torneios desportivos, outros com festas recreativas e ouros com actividades culturais" o Anísio reporta que "se está a transformar o Santo António numa festa forçosamente lucrativa (a tal parceria público-privada)" e o Saturnino realça que "gostaria de ver algo mais, com mais peso, mais significado, mais marcante e que representasse os 150 anos do município". Como isto já vai longo, o meu what-a-f? a respeito destas festividades fica para uma prosa a publicar no Domingo neste #nossomeupaul2017...

Parece-me a mim mais um PAUL SEM FOCO do que propriamente EM FOCO dado às circunstâncias interpostas e à prestação dos actores principais, mas como eu, espero que cada um tenha estado com FOCO para que o PAUL não perca mesmo o FOCO geral das coisas...

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