Bom, são promissoras as mais recentes notícias para a nossa estimada ilha Santo Antão que nos dá conta da chegada dum aeroporto internacional a aterrar na cidade das boas e extensas planícies - Porto Novo. Finalmente vão chegar as ASAS que vão pôr Santo Antão também a VOAR (será?).
Quem por lá já aterrou, são os experts que afirmam que Casa de Meio apresenta as condições para a construção de um excelente aeroporto, estando em curso a instalação de uma estação automática para averiguar o comportamento dos fenómenos atmosféricos naquele território. Coisa sempre estimada e nunca exacta é o seu custo que situa-se entre os 18 e os 20 milhões de euros. Lembram-se da obra do porto do mar lá ao pé? Ficou nos 29 milhões de euros e, como é sabido, a obra ficou a meio ou, como dizem, completou-se a 1ª parte... Sobre os pareceres dos actores a respeito dos prós-e-contras aquando da localização da infra-estrutura, solicito à Red Bull que dê, em meu humilde nome, uns dá-te asas aos meus camaradas lá da terra para vermos se se acordem ou não para o verdadeiro filme que é esta obra cinematográfica...
Vamos aos números ou, pelo menos, perguntar por eles (?).
O MeuPaul pergunta - será a construção do aeroporto em Santo Antão uma prioridade? - e, é aqui que os números reais da ilha, que compreendem todo o seu desempenho económico e social, toda a sua indústria e produção, toda a sua mobilidade de pessoas e mercadorias e todo o seu potencial de recursos e investimentos serão chamados à revelia dos poderes de decisão da ilha no seu todo, para sabermos se sim ou se não, se é prioridade ou se é politiquice, se são asas de bons voos ou se são rasteiras de duras quedas ou então se é coisa mesmo precisa?
Num Santo Antão que produz apenas 6% do PIB nacional e com um per-capita muito baixo, tenho sérias dúvidas que o geral da população seja o real público-alvo e possível sustento para tal investimento. Se já há dificuldades a respeito do custo dos transportes marítimos, nos aéreos, talvez a criação de passes-sociais seja um bom prenúncio...
Num Santo Antão que não aparece descriminado individualmente nos Relatórios Anuais do Turismo em Cabo Verde, como se vê do último - Est. do Turismo: Mov. de Hóspedes 4º trim.2016 e dos outros todos - onde Santo Antão é citada como "restantes ilhas", certamente por não ter valores que consignam uma barra gráfica, por assim dizer, sustenta-se no Turismo como uma das fortes razões para a construção do referido projecto aeroportuário...
Num Santo Antão que, para se obter um valor absoluto dos Turistas que a visitam, é preciso muita perícia de cálculo aproximado, pois os dados reais fogem das Instituições competentes... Num pequeno cálculo aproximado a partir do ine.cv, constato que apenas cerca de 30.000 hóspedes deram entrada nos estabelecimentos de alojamento em Santo Antão, o que dá uns 80 hóspedes/dia... Para dados concretos é muito pouco, sei que podem ser mais, mas por onde andam tantos Turistas metidos??? Para termos uma noção comparativa sobre factos que teimam em comparar mas que não deviam, saibam que na ilha do Sal foram registados cerca de 800 hóspedes/dia e na da Boavista foram cerca de 600... Meus caros, isto é muito simples: são ASAS para o sol-e-mar e PÉS para as montanhas... Alguma dúvida???
Num Santo Antão onde ainda predomina fortemente a existência de negócios em forma tradicional e sem registo fiscal que provoca uma não-taxação comercial dos produtos e sucessivamente na perda dos respectivos impostos, talvez tenham lá um Caixa 2 à maneira para sustentar os estudos financeiros...
Num Santo Antão que deixou a execução de um porto a meio caminho ou, que lhe falta executar a 2ª parte, talvez uma 3ª ou uma 4ª parte, não sabemos ao certo e que, por isso, deixa fugir os Titanic's de Cruzeiros para outros portos...
Num Santo Antão que faz mesa-redonda de Turismo Rural e de Natureza em casa, promove Turismo de Trekkings no estrangeiro, vislumbra-se pelo Turismo de Negócios de São Vicente e que talvez venha a desviar os voos charter do Turismo de Sol e Mar das ilhas do Sal e da Boavista para as suas paragens...
Num Santo Antão assim? Assim não...
Por isso e, do meu assente raciocínio sobre meus PÉS e não sobre vossas supostas ASAS, muito sinceramente, considero que o A-E-R-O-P-O-R-T-O não é e nem deve ser a nossa P-R-I-O-R-I-D-A-D-E. Estou em crer que precisamos mais de PÉS para um Santo Antão em terra do que ASAS para um Santo Antão nas nuvens...
Sim, temos trabalho a fazer, quanto as ASAS, essas, se for o caso, que venham depois...
