Do ponto de vista do governo, está visto que não será preciso visto para que os europeus possam avistar Cabo Verde, pelo que, quando a medida de isenção de vistos para os cidadãos da União Europeia for efectivada, os mesmos já não serão vistos na fronteira que separa as ilhas atlânticas da união de facto europeia. Pelos vistos, sem vistos é que seremos bem vistos...
1. Se é que me preciso, a UE é um projecto de cooperação europeu de livre circulação de pessoas, bens e serviços com âmbito nos países aderentes à sua união económica e política.
2. Se é como me informaram, CV vai aderir unilateralmente à UE, dando liberdade de circulação aos seus cidadãos através da isenção de vistos.
3. Se é que não me esqueço, o Título de Residência do qual sou portador em Portugal, expira à data de 01-23-4567, pelo que tenho de ir renová-lo atempadamente, caso contrário, corro o risco de não correr para lado nenhum.
4. Se é do que estou em crer, quando for tratar da renovação do indispensável Título de Residência, um qualquer europeu da união, possivelmente já andará pelas ilhas atlânticas, uma das quais sou natural, sem o visto que sou obrigado a requerer deste outro lado da fronteira.
5. Se é como já calcularam, sem esses vistos, vai haver mais turistas, mais investimentos, menos barreiras de circulação e mais integração na UE.
6. Se é como já fiz alusão, esta decisão política é mais uma prova de um CV em modo colonial, só que a querer expandir a sua submissão social para o resto da UE.
7. Se é que bem desconfio, os valores financeiros provenientes da emissão desses vistos para o Estado serão canalizados mais para os grandes grupos e distribuidores turísticos nos seus produtos do que na economia local propriamente dita, tendo em conta, o modo operativo do turismo e investimento em CV.
8. Se é que não queremos ver, a própria UE está em crise exactamente porque muitos dos seus aderentes se consideram discriminados numa união que supostamente devia ser igualitária nos âmbitos proclamados mas que não o é na prática vivida.
9. Se é que nos é claro, CV é um país geograficamente africano que se quer culturalmente europeu, que se quis politicamente independente mas que nunca deixou de ser economicamente dependente.
10. Se é que a memória nos aviva, liberamos agora as nossas fronteiras para a UE, estamos a pensar fazê-lo para o país em modo Brexit, é um fechar de olhos até nos abrirmos aos EUA e arredores, a China há muito que tem um shopping em cada esquina, etc. etc., enquanto, nesse caminhar, seremos cada vez menos africanos, se é que alguma vez o dignamos ser e, cada vez mais sem fronteiras, se é que alguma vez as tivemos...
Como se pode constatar nos dez pontos enumerados, o governo de CV tomou consciência do quão antagónico, desproporcional e sem fundamento é a medida que pretende efectivar que, decidiu criar uma Off-Shore de pessoas entre aquelas ilhas que, tal como acontece nos paraísos fiscais, seremos nós, um paraíso de pessoas que são estrangeiras-que são de carradas de estados duma união desigual-que são turistas de línguas sem fim-e-que são investidores sem sede de capital. Vistos assim, tal e qual são transferidos os montantes para as terras de Adão&Eva, nunca serão vistos nas suas passagens fronteiriças e, só quando as maçãs chegarem às bocas atlânticas é que saberemos se a medida é coisa contrária àquela dos contos. Eu, a saberem, tento ser o mais certinho possível quanto à pontuação nestes meus textos, por isso, não me vou em contos, muito menos nesses contos desgovernados de engravatados diplomados. Deste que é meu ponto de vista, está visto que legalmente precisarei sempre dum visto para que não deixe de avistar a UE, pelo que aguardarei pela criação de uma Off-Shore de pessoas emigradas de igual modo na UE para que não tenha de andar atrás de papeis carimbados, assinaturas autografadas e títulos processados...