Segundo o delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente no Porto Novo - Joel Barros - Santo Antão tem actualmente mais água mobilizada e mais terrenos disponíveis para a prática da agricultura mas o acesso ao mercado, isto é, ao escoamento dos produtos das várias zonas agrícolas, constitui ainda "um enorme desafio" para este sector da actividade primária.
Os produtores, conforme falava Joel Barros esta segunda-feira na abertura de uma formação para os técnicos do Ministério da Agricultura e Ambiente na região do Barlavento, sobre o cooperativismo e associativismo, precisam ser melhores orientados em relação à questão do mercado, realçando por isso, a "grande importância" desta formação de três dias que se enquadra na estratégia do ministério de empresarializar o sector agrícola em Cabo Verde, permitindo a capacitação desses técnicos no apoio aos agricultores na sua organização em cooperativa e/ou associações.
Segundo o referido delegado, "é possível organizar melhor os agricultores" com vista a fazer face à problemática do mercado em Cabo Verde, o que se coloca ainda com alguma brevidade em relação aos produtos agrícolas de Santo Antão onde os agricultores, actualmente, devido à falta de mercado que decorre igualmente da existência da praga dos mil pés que afecta quase toda a ilha, "vendem ao desbarato aos rabidantes", os seus produtos à entrada do porto do Porto Novo.
O delegado desse ministério no Porto Novo questiona então, "porquê que os agricultores não se organizam em cooperativas ou associações que possam ocupar, pelo menos, da parte da comercialização", informando o mesmo que a formação vem ao encontro da política traçada pelos serviços da extensão rural, visando a empresarialização da agricultura no arquipélago.
No concelho do Porto Novo, além do problema do mercado, os agricultores debatem ainda com outro constrangimento que se prende com o escoamento dos produtos provenientes de muitos vales ainda encravados - Martiene, Chã de Norte, Chã de Branquinho, Dominguinhas e Tarrafal de Monte Trigo - que ainda carecem de estradas condignas para facilitar o escoamento dos produtos e a sua colocação no mercado com algum valor competitivo, segundo os lavradores.
O Governo já anunciou o desencravamento de Tarrafal de Monte Trigo, com a construção da segunda fase da via de acesso àquela localidade, mas também dos vales de Chã de Norte e Martiene, cujas obras deverão ser lançadas ainda no decorrer de 2017, construções essas que se inserem no âmbito do programa de cariz nacional anunciado pelo Executivo Caboverdiano, que consiste no desencravamento das localidades com algum potencial económico nos domínios da agricultura, pesca e pecuária.
Créditos: inforpress