A barragem de Canto Cagarra, vale da Garça, que ficou seriamente danificada durante as cheias que assolaram a ilha em 2016, começa a receber "dentro de dias" as tão esperadas obras de recuperação, estimadas em 33 mil contos.
A informação foi avançada à Agência Caboverdiana de Notícias pelo delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente na Ribeira Grande, Orlando Jesus Delgado, assegurando que as condições estão praticamente criadas para o arranque das obras de recuperação da barragem que em 2016 sofreu danos avultados na parte à jusante. Segundo este responsável, o empreiteiro aguarda apenas pela chegada de alguns materiais provenientes de Portugal para dar início as obras, que vão incidir na reposição da parte de adução (derivar as águas de um lado para o outro) e distribuição da água e da rampa, estruturas que foram destruídas pelas cheias de Setembro do ano passado e, igualmente, na instalação de energia eléctrica na barragem, para o funcionamento das bombas ali instaladas.
O delegado desse ministério na Ribeira Grande tem vindo a alertar para a necessidade do Governo avançar com um plano de médio e longo prazo para travar o processo de assoreamento (acumulação de enxurradas causada pelas enchentes) e de infiltração desta infra-estrutura hidráulica, inaugurada em 2014, na medida em que, "este processo está ocorrendo de forma muito acelerada" e Santo Antão "corre o risco de perder" essa barragem, caso não sejam tomadas medidas para resolver a situação.
A barragem de Canto Cagarra, que custou cerca de 575 mil contos, foi invadida nas últimas cheias que assolaram a ilha, por "uma grande quantidade de material" deixada à montante aquando da construção da estrada que liga Chã de Igreja ao vale da Garça. O facto de se ter construído apenas 2 dos 27 diques previstos à montante constitui a causa principal do assoreamento dessa barragem, segundo Orlando Jesus Delgado, para quem será necessário construir os restantes 25 diques, num investimento a rondar os 250 mil contos, para se poder salvar essa infra-estrutura. Um outro problema que está a colocar em risco a barragem de Canto Cagarra tem que ver com a infiltração na sua margem direita, problema cuja resolução vai exigir também, um investimento de 200 mil contos. Ou seja, todas essas intervenções, estimadas em 450 mil contos, têm de ser feitas a médio e longo prazo, sob pena de Santo Antão perder essa barragem.
De imediato, o Ministério da Agricultura e Ambiente vai avançar, no quadro do plano de emergência para Santo Antão, com as obras de recuperação da parte de adução e distribuição, assim como da rampa e com a instalação da energia eléctrica.
A barragem de Cano Cagarra, financiada em cerca de 575 mil contos, no âmbito de uma linha de crédito com Portugal, tem uma albufeira que comporta um volume de 418 mil metros cúbicos de água, numa extensão de 84 mil metros quadrados.
Créditos: inforpress