Esta história até pode ser nova, mas o seu contexto de novo não tem nada. A teoria até nem é nova, o bem social, mas a prática da coisa com certeza que é, nós creditamos e nós debitamos.

Os diligentes até aparecem com outras caras, diferentes ou não, são caras novas e são políticos, mas os visados são sempre os mesmos, o povo. A cadeira pode não ser nova, a dos boys, mas o banco o é, é Novo. Sim, como era muitas as poltronas, resolveu-se diversificar e criar um banco novo, não daqueles para se sentar mas sim para se assentar. Ora, isto não teria nada de espectacular se ela não fosse uma obra do Estado (governo) para o Estado (povo). Este último, fica por confirmar.

Recuemos uns tempos, bem pouco, porque o próprio tempo está, quase sempre, a apressar-mo-nos para que, tudo esteja pronto no devido e combinado tempo. Recuemos então, a contar do dia 08 de Março corrente, Dois Mil, Trezentos e Cinquenta e Três dias e, chegados a esse outro dia, sente-mo-nos um pouco, constatemos as inúmeras reuniões que já tivemos frutos de imensos estudos que demonstram a disparidade, a discriminação e a exclusão por parte do financiamento da banca caboverdiana as micro e pequenas empresas e a importantes segmentos da população e, concluamos que, para resolver tamanha problematização, só mesmo criando um Banco que acolhesse os tantos menos possidentes que não conseguem aceder ao crédito de forma semelhante aos poucos mais possidentes. Criemos então o Novo Banco, capitalize-mo-lo já com 300.000.000 Escudos CaboVerdianos e vá-mo-lo aumentando gradualmente com mais uns milhões de escudos sempre que a sua Administração o pedir. A coisa ficou-se pelos 850.000.000 ECV só em capital social. Era suposto lá pôr-mos mais uns 700.000 contos, mas sabem como é, já não fomos a tempo.

Voltemos à actualidade, a contar dum certo dia de 2010 (que é dia mundial do turismo e, se calhar estávamos todos ao sol e a beira mar na mais pura das sessões de relaxamento, o que explicaria a voluptuosidade da obra que é o Novo Banco) e decorridos os mesmos Dois Mil, Trezentos e Cinquenta e Três dias, eis que resolvemos resolver o nosso Novo (é que é mesmo novo, uma criança ainda) Banco em modo Resolução, porque, lá está, FALIU. Faliu um banco com 6 anos, 5 meses e 13 dias de vida. Com tão pouco tempo de vida, só pode ser cancro e dos malignos, lá está, se não é cancro, caiu num precipício daqueles... E é muito fácil o cálculo final: por cada escudo em capital social foram dois escudos em prejuízo. Segundo consta da Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza, motivo pelo qual foi criado o banco, isto é, estimular o acesso ao microcrédito e combater a pobreza, só posso aferir que o resultado é mais o contrário, na medida em que, acabaram por estimular ainda mais a pobreza e combateram e tanto, como tropas, contra as micro-empresas, isso claro, a ver pela lista dos 50 + devedores do agora Velho Banco. Se um banco tem 32.000 clientes-pessoas e 50 devedores-grandes-empresas, diz toda a gente que toda a gente sabia que o agora Velho Banco era coisa de boys e de boys pobre-povo é que, naquela freguesia, com certeza, não assentavam...

Já nem vou debruçar-me sobre a enciclopédia que está a ser o rumo da culpabilização politizada daquilo que é só mais uma roubalheira à descarada ao povo caboverdiano, iludido uma vez mais, só que agora em modo RICO, pois, isso de criar bancos para disponibilizar crédito aos pobres merece um prémio do Banco Mundial Contra Carradas de Ladrões. Tinha em mente que se criavam políticas públicas de luta contra a pobreza e maior coesão social, fornecendo os bens essenciais a uma vida mais digna, mas isso sou eu dando crédito à política, quando na verdade, deveria estar sentado num banco dum banco qualquer a transferir-lhes a massa toda para contas necessitadas.

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